terça-feira, 1 de julho de 2008

Poetas Suicidas

Poeta padece de hiper-sensibilidade-o que gera super-defesas, aprendi na Faculdade de Psicologia, apreendi na vida.É capaz de desinstalar-se de si, sair do soma e mergulhar no Cosmos, no infinito.nem sabe o quanto é resiliente.Re/suicida-de todos os dias de sua vida, mas renasce ébrio de luz e de beleza, para reiniciar seu ciclo pessoal de criatividade.Inclusive, recriar a si mesmo.

Clevane Pessoa de Araújo Lopes



Poetas Suicidas

Clevane Pessoa de Araújo lopes


Suicídio de Poeta
(I)

Todos os poetas são suicidas,
quais araras,quais falenas.
Todos os dias morrem um pouco,
cansados quais beija-flores,
quais borboletas
Pesa muito a lucidez do louco!
Para eles, são imensas,
às vezes insuportáveis,
coisas muito pequenas.
Mas renascem de sua própria essência,
Fênix a renascer, renascer,renascer,
para voar sacudindo as cinzas
da pira sacrificial...
Suicidio de Poeta
(II)

Há dias
em que corto as veias da alma
com estilete de cristal.
Depois aparo a hemorragia
com algodão roubado às nuvens,
Coloco um band-aid
de pétala de flor
e saio a exibir à vida,
a novidade.
Suicídio de poeta
(III)

Escondo o rosto
sob o acolchado.
Inspiro gás carbônico,
porque a cabeça dói.
Corto a cabeça
e tenho alívio.
Mas sou poeta.
Fabrico uma cola de contato,
tiro meu próprio retrato
e me deito, nariz para a vida,
inspiroexpiro
o*x*i*g*ê*n*i*o*
e durmo para sonhar
Suicídio do Poeta
(IV)

Depois de dizer que vou embora
porque estilhaços de medo
cortam e sangram-me
o senhor coração
fecho os olhos
para não ver a dor.
Mas em um segundo
saio correndo
e vôo pela janela,
para avisar ao bem amado
que não partirei mais.
E vou escrevendo
versos de para sempre,
para sempre,sempre.
Poeta Suicida
(V)

Se é poeta suicida
como apregoa em seu nick,
há de suicidar-se/ressuscitar
todos os dias.
A alma aberta em leque
apreende aagonia.
O leque se fecha,
por hipersensibilidade.
escreve a elegia..
É cheio de superdefesas.
E renasce de si,
broto verde após a queimada...


(Ao(s)Poeta(s)-suicida(s) Belo Horizonte, MG em 09/06/2005
CEstes poemas fazem parte da "Antologia Virtual Clevane Pessoa de Araujo",criada dada de presente a mim , pelo site Direito e Poesia (http://iaracaju.infonet.com.br/direitoepoesia/poesianossacadadia_textos.asp?identificacao=Antologia%20poética%20de%20Clevane%20Pessoa%20de%20Araújo%20Lopes#cp4) ,pelo que sempre serei grata- e também foram publicados no Recanto das Letras.

Um comentário:

blogger disse...

Clevane,

Amei “Poetas Suicidas” . Essa coisa do nascer-morrer-reviver do poetescritor.

Tão diverso, porém ao fazer uma leitura em voz alta para mim mesma, fiz uma analogia com “Poética”, de Vinicius:

De manhã escureço/ De dia tardo/ De tarde anoiteço/ De noite ardo.
........................
Eu morro ontem // Nasço amanhã/ Ando onde há espaço:/ – Meu tempo é quando.

Parabéns pelo poema, pela idéia de poemas pela paz.
Beijos,

Terezinha Pereira