sexta-feira, 18 de abril de 2008

Mais poemas que choveram em Belo Horizonte dia 30/03


VOCÊ

Araci Barreto



Sua cara me encanta,



seu canto me embala.



Seu olhar me atormenta,



seu medo me assusta.



Suas mãos me arrepiam,



sua presença me acalma.



Sua voz me faz tão bem!



Seus sonhos me fazem sonhar,



seus lábios me fazem tremer,



seu corpo todo me atrai.



Suas esperanças me animam,



sua dor me faz sofrer.



Sua vida é minha vida,



sua ausência o meu penar.



Sua malícia me alegra,



seu prazer me faz amar.



Seus pensamentos me afligem,



sua tristeza me agride,



seu futuro o meu será.







E quando Joana voltou para o mar

De manto e estrela, beleza sorriso e tudo mais

Para dançar na lua cheia e brincar de criança mais uma vez, se vai



esta paixão caiada de sal

das lagrimas orvalhadas

pelo bruto vendaval, que foi

a sua manhã sem paz



tenra, meio dia toda força

trança balaios e peneiras

onde o sol não há de tapar

sua singeleza, seu calar



beijo a mão dessa princesa

que de coroa é Iemanjá

bela sereia das longas madeixas

pensei que ia conseguir, mas eu tenho que chorar



vá de manto estrela, de beleza sorriso e tudo mais

vai dançar na lua cheia e brincar de criança mais uma vez, se vai



*Dedicado a Joana Guiga*

*Marco Llobus*


*SOLIDARIEDADE*

*Célia Jardim*





Nada é mais aconchegante que um abraço

sentir a ternura de alguém

a carência de afeto maltrata

e causa fome também



Muitas vezes deixamos escapar oportunidades

de nos mostrarmos solidários a tantos

acreditando que solidariedade

não é também secar um pranto



Há tantas formas de ajudar

nem tudo se compra com dinheiro

muitos, muitas vezes, só precisam

de um carinho verdadeiro



Sentir-se amado diminui tantas dores

com um pequeno gesto podemos aliviar tanto sofrimento

ser solidário não é simplesmente dar esmola

é primeiro doar bons sentimentos



Vestir a alma antes do corpo

fazer alguém se sentir melhor

quem precisa de apoio e encontra

vê o mal sempre menor



*O ARTESÃO*

*Dora Dimolitsas*





O cavaquinho chora

Nas mãos de um artesão



Que vai criando notas

Desenhadas nas folhas secas

Caídas no chão,



Nos salões das escolas de samba

Letras musicais vão sendo desenhadas.

As histórias vão sendo contadas



E descendo e subindo o morro,

São cantadas,

E nas cordas do violão são tocadas.



Seja para mangueira,

Mocidade ou outra escola qualquer.



O cavaquinho e o violão

Vão tocando e chorando

Nas mãos do artesão





*NAÇÃO*

*(16 milhões de cores)*

*Luiz Edmundo Alves*



aahhh minha nação descendo o morro,

atravessando florestas, arando o serrado,

escalando o penhasco. esquivando-se de

balas perdidas, ensaiando o rebolado,

cantando via satélite.

todos assistem, todos de olho.

quem quer cantar no banheiro?

encenar o grande reality show?

114 câmeras. milhões de olhos.

todos espiam. é esta a sintonia:

tiaca tiaca na mutiaca. na batida da lata.

mande bem. mande mal. mande o refrão.

tiaca tiaca na mutiaca. na batida da lata.

pense. pense bem. pense mal.

e mude o canal.




*/m/*odo de amar



não fales das tempestades

que colhes por debaixo dos

meus frágeis vestidos escuros

(não contes como sou feita de escuros)

nem da fúria com que os arrancas de mim



não fales do meu anel

de como envolve teu dedo

(não contes que dedo)

nem o que eu faço com ele

pra te ouvir chorar





*/t/*iro ao alvo



todo ano tem campeonato:

ganha aquele que acertar

no pombo da paz.





*Silvana Guimarães*







*/f/*loral



um antúrio muito rijo pedindo

abrigo em um vaso úmido:

tempo de poda.





*/c/*onsciência

ecológica





impossível fechar as pernas

e matar a borboleta que

voa voa voa entre elas





Adelaide Do Julinho





A poesia fala,

Do lado de onde a vida não pode sempre ver

Mas uma leitura psicológica faz sentido

Um prazer



A poesia pode ser um sonho

Fazendo algo acontecer

O jogador depois da bola na rede

Fazendo mais um gol...

São como as horas que não passam;



A poesia é rima

A função poética

A leitura ética

Cordel ali na avenida ou rua acima.



*Wagner Alvarenga C Silva*




*SOL ETERNO *

*Carlos Lúcio Gontijo*

* *

Sinto Falta amigos distantes

Que na luta da vida se perderam

Ou antes se acharam em alguma morte

Feito mãe prepara eito de filho

Com o brilho da esperança nos olhos

Arrumo a casa, preparo a sala

Receberia com gala qualquer pessoa

Mas não soa a campainha

O silêncio me ensurdece

Derrete o gelo no copo de "campari"

Em mim o apelo de prece

Tanto zelo pra terminar assim

Sem alguém que me ampare

Ciente de que a carne é mero revestimento

Breve encantamento do espírito em solidão




*COR-DE-ROSA*
*Lidiane Santana

*

mas baby, o mundo é cor-de-rosa, sim!

quem o tingiu de cinza fomos nós...

com a nossa mania idiota de grandeza

com nosso materialismo
com nosso egocentrismo
com nosso individualismo
com nosso egoísmo


e todos os nossos "ismos"


Portanto, não rias de mim

que

eu sinto pena deles e de ti

e o mundo é cor-de-rosa, sim!!!



*A RAZÃO EM COMA*

*Almandrade*



Pobres bibliotecas vazias

sem títulos e sem Borges,

O tempo, indiferente

ao jogo dos relógios,

não é mais dos livros.

O saber é um desconforto

de uma civilização

que vive ao redor do imediato

e humilha a memória.

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